A vida de Johnny Jewel dava um filme
Johnny Jewel é muitas coisas. Coleccionador de sintetizadores, compositor para bandas sonoras, patrono de uma editora e cineasta sonoro. No dia 11 de novembro, traz ao M.Ou.Co, no Porto, “um caleidoscópio espacial” que mistura “música ambiental e electrónica”. Na prática, um espectáculo conciliador de dois planetas interligados por uma só mente: o musical e o visual.
Johnny Jewel começou por se notabilizar nos Glass Candy, banda pop para sintetizadores, feita de veludo e cetim. Em 2006, fundou a Italians Do It Better com o produtor e DJ Mike Simonetti. A editora rapidamente marcou território graças a bandas da mesma costura dos Glass Candy como os Desire e sobretudo os Chromatics, que tinham em Jewel o principal compositor e na vocalista Ruth Radelet, dona de uma voz sussurrada e de uma imagem efabulada, com muitas semelhanças com Julee Cruise de Twin Peaks.
Night Drive, o álbum de 2007 dos Chromatics, foi aclamado na cena indie. Tanto que em 2011 inspirou a banda sonora do clássico Drive, onde também se podiam ouvir os Desire, Kavinsky ou o compositor Clifford Martinez (em tempos muito idos, baixista dos Red Hot Chili Peppers). Jewel nunca abdicou da autonomia, quer enquanto compositor para filmes como Bronson (2008) e Lost River (2015), a estreia do Ryan Gosling, protagonista em Drive, como realizador. E gravou três álbuns a solo, praticamente instrumentais, entre 2015 e 2018.
O fim anunciado dos Chomatics, em 2021, não interrompeu a actividade nem da Italians Do It Better, que continua a editar regularmente, – por exemplo, o primeiro álbum dos Desire em uma década, que chegou no ano passado – quer de Jewel. Foi convidado em pessoa por The Weeknd para remisturar Blinding Lights, e de 21 Savage a Jarvis Cocker, foi diversas vezes samplado.
A banda sonora do filme holandês Holly, de Fien Troch, acaba de ver a luz do dia, inspirada por mestres como John Carpenter, os Goblin e os Tangerine Dream. É um dos vários motivos do espectáculo a apresentar no Porto, descrito em entrevista ao Guardian como “familiar mas novo” e “nostálgico apesar de inédito”. O alinhamento do espectáculo consiste em música retirada quer das bandas sonoras, quer dos álbuns a solo. E quanto aos Chromatics, a explicação para o misterioso desaparecimento “terá de ficar para outra altura”, assumia ao Guardian, mas os fins “são sempre tristes”.
Johnny Jewel visita Portugal em Novembro, no dia 11, no M.Ou.Co do Porto. Bilhetes em: https://www.seetickets.com/pt/event/johnny-jewel/m-ou-co/2720569?src=blog_jewel
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