Ficámos por casa – O melhor de 2023

melhor 2023

Ficámos por casa – o melhor de 2023

 

Quando uma nova rede social espartilha ainda mais a informação, contribuindo ainda mais para perspectivas individualizadas, valerá a pena insistir nas tradicionais retrospectiva de final de ano? É precisamente a dispersão que torna mais necessária a organização da informação. De um ponto de vista subjectivo porque as listas nunca foram uma verdade absoluta, apesar de durante anos as publicaçōes e os leitores terem alimentado uma falsa ideia de absolutismo.

 

2023 foi morno para a música do planeta, e basta olhar para as tabelas já publicados para confirmar isso mesmo. Não por falta de álbuns estimulantes, que todas as semanas foram saindo, mas por omissão de objectos transformadores ou pelo menos indicadores de um futuro qualquer. Os últimos dozes meses foram, no que à música diz respeito, de um vazio quase total de discos refrescantes, como num passado recente houve tantos, de El Mal Querer, de Rosalia, a Renaissance, de Beyoncé, Multitude, de Stromae a Sometimes I Might Be Introvert, de Little Simz, ou então casos excepcionais como Blackstar de David Bowie, Rough and Rowdy Ways de Bob Dylan, Ghosteen ou Carnage de Nick Cave. Não se ouviu nada tão sufocante, transcendente ou libertador este ano.

 

Do lado de cá, o ano foi rico e preenchido. Não houve um álbum a destacar-se como 2 de abril de A Garota Não ou Casa Guilhermina de Ana Moura em 2022 porque…houve vários, de Eu.clides aos Glockenwise, de Prétu Xulladji aos Mão Morta, Slow J, Filipe Sambado ou o surpreendente Riça. Talvez a melhor notícia desminta o primeiro parágrafo. É o todo a destacar-se e não só a parte. A música feita em Portugal em 2023 vale não por qualquer inspiração assolapada ou por felizes acasos de calendário, mas por projectar o país na sua extensão identitária. Definitivamente, perdeu-se a vergonha de ser português, com toda a heterogeneidade do que é viver neste rectângulo em 2023. Felizmente, a conversa dos géneros também caiu em desuso. As personalidades são maiores do que as gavetas.

 

Dez álbuns portugueses do ano (sem ordem)

 

Mão Morta + Pedro Sousa – Tricot

Prétu – xei di kor

Eu.clides – Declive

Glockenwise – Gótico Português

Slow J – Afro Fado

Riça – Diabos M’Elevem

Marlene Ribeiro – Toquei no Sol

Filipe Sambado – Três Anos de Escorpião em Touro

Malva – vens ou ficas?

Nídia – 95 Mindjeres

 

E ainda…

 

Amaura – Subespécie

Ana Lua Caiano – Se Dançar é Só Depois (EP)

Azar Azar – Cosmic Drops

Carminho – Portuguesa

Conjunto Corona – ESTILVS MISTICVS

DJ Danifox – Ansiedade

Expresso Transatlântico – Ressaca Bailada

João Borsch – É Só Harakiri, Baby

Luca Argel – Sabina

Peculiar – Lágrimas de Pérola (EP)

Pedro Mafama – Estava no Abismo mas Dei um Passo em Frente

Pedro Ricardo – Soprem Bons Ventos

Real Guns – Davids

Rita Vian – Sensoreal

Serpente – Cornos

Sónia Trópicos – Singela (EP)

Stereossauro – Tristana

Scúru Fitchádu – Nez Txada Skúru Dentu Skina Na Braku Fundu

Tó Trips – Popular Jaguar

Tota – Tota

 

O melhor de 2023 fica por aqui, venha 2024! Feliz Ano Novo da equipa da See Tickets Portugal.

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