
Concertos com História #17: Nas e Damian Marley no Pavilhão Atlântico
Nas e Damian Marley já tinham trabalhado juntos no clássico instantâneo Welcome To Jamrock, fusão vibrante e certeira de dancehall com a dianteira do rap. Road To Zion juntara as duas vozes da Jamaica e de Nova Iorque num só caminho para a terra prometida. Marley, o mais brilhante dos filhos do mestre Bob, filho da cultura rastafari, e Nasir Jones, um dos grandes crânios do rap novaiorquino, autor de autênticos manuais da escola dos 90 como Illmatic e I Am.
Distant Relatives, que em português se pode traduzir por primos afastados, nasceu de uma vontade comum de unir a ancestralidade africana de ambos num EP criado a partir de sobras de ambos. A partilha de valores humanos, o entusiasmo transmitido por alguns dos convidados que passaram pelas sessões de gravação, de Stephen Marley, a Joss Stone, Lil Wayne e K’naan, e as ligações umbilicais entre reggae e hip-hop, avolumaram o projecto e um álbum tornou-se inevitável. Distant Relatives chegou a 18 de maio de 2010, antecipado pelo clássico As We Enter, arquitetado sobre um sample de Yegelle Tezeta do mestre etíope Mulatu Astatke. Ao contrário de muitos choques de titãs, foi bem recebido devido a uma comunhão de interesses. Nas e Marley estavam ali pela música e não pelo ego – os dois entraram no universo um do outro – e para angariar fundos para a construção de escolas em África, uma das premissas do projecto.
Um ano depois, a digressão trouxe-os a Portugal. Marley, ainda quente das noites suadas nos coliseus de Lisboa e Porto, e Nas, um estreante em Portugal. A 14 de abril de 2011, o concerto começou com um tal de Richie Campbell e a sua 911 Band. Segundo a reportagem do Sapo, não defraudou as expectativas. Já os Orelha Negra, quinteto instrumental herdado da banda de Sam The Kid, não precisaram de comunicar verbalmente com o público para “angariar a aclamação”, de acordo com o texto.
Uma mesa de DJ e uma banda. Nas e Damian Marley chegaram tarde mas a tempo da rendição. Ao longo de 150 minutos, os Distant Relatives tocaram-se e além do casamento com bom vento, recordaram clássicos próprios como Hip Hop Is Dead e If I Rule The World, do novaiorquino, e Welcome To Jamrock, de Damian Marley. “E, como cereja sobre o bolo, “Could it be Love”, do lendário Bob Marley, fez-se ouvir, finalizando a noite tal como começou: com o som contagiante e envolvente do reggae”, descreve o Sapo.
A temperatura do reggae e estamina do hip-hop fizeram uma festa como poucas em Lisboa. 6500 pessoas testemunharam-na.
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