Entrevista aos Dealema: Regresso a casa
Nenhum concerto dos Dealema é apenas mais um. Nos últimos anos, a agenda do colectivo diminuiu drasticamente, por isso cada reaparição é um acontecimento. Ainda por cima, a jogar em casa como acontece dia 28 no clube Pérola Negra, no Porto. As boas notícias continuam: vem aí um álbum novo, sobre o qual preferem ainda não adiantar pormenores, mas que ele está na calha, está.
Vão apresentar novidades no Pérola Negra?
Este concerto não será um anúncio de novidades mas sim uma celebração da história, num regresso ao contacto de proximidade com os nossos, na nossa cidade e logo no Pérola Negra que ainda nos está fresco na memória depois do concerto com banda que demos há uns anos atrás.
Por outro lado, o concerto é também anunciado como uma revisitação. Jogando em casa, previsivelmente para público conhecedor, dá-vos liberdade para escolher um alinhamento mais arriscado?
A nossa discografia permite-nos uma versatilidade muito grande no que respeita a alinhamentos, é um concerto para o nosso público, o que nos garante a possibilidade de tocar temas mais pesados e menos óbvios do que se tivéssemos a tocar para um público generalista. Ainda que os clássicos sejam intocáveis, esses têm lugar cativo no alinhamento de todos os concertos. Temos saudades de ouvir o público cantar connosco em uníssono esses temas e aguardamos ansiosamente por dia 28 de Outubro.
Porque é que, de há uns bons anos para cá, deixaram de ter uma vida regular de grupo e passaram a dar apenas concertos esporádicos?
Como é óbvio passamos a uma fase adulta em que as famílias, os filhos e outras prioridades se apresentam no topo das nossas responsabilidades. Já não vivemos tão perto uns dos outros como no passado, e como tal o tempo que sobra é residual mas quando estamos juntos a magia acontece e, no fundo, a amizade e o gosto pela cultura foi o que nos uniu e esse será sempre o nosso elo mais forte.
Na sinopse do concerto, é anunciado estarem a preparar o sucessor do Alvorada da Alma. O que é que já podem desvendar? Quão adiantado está o novo álbum?
Não iremos desvendar muito sobre esse assunto. O que podemos prometer é que quando esse sucessor estiver pronto será lançado sem aviso prévio, nunca tivemos necessidade de lançar álbuns para cumprir a expectativa da indústria mas sim para satisfação e realização pessoal de cada um de nós. Quando tivermos algo de relevante e, acima de tudo, original para apresentar aos nossos ouvintes assim o faremos.
Este concerto “de regresso” só podia ser na vossa cidade?
Regressar na nossa cidade tem sempre um impacto especial, e no seguimento do sucesso do nosso concerto anterior no Pérola Negra faz todo o sentido voltarmos para recriar uma vez mais uma experiência boa para os nossos fãs.
Durante anos, o Porto teve uma comunidade à parte, antes da explosão do hip-hop no mercado. Ainda é assim ou o entusiasmo normalizou-se de norte a sul?
Diríamos que hoje o entusiasmo é global. O Hip Hop tornou-se um fenómeno musical à escala mundial, que se expandiu especialmente graças ao mercado digital e à forma como a música é consumida nos dias de hoje.
Que tipo de público têm nos vossos concertos mais recentes? Os pais já levam os filhos? Também acontece os filhos convenceram os pais?
Temos muitos testemunhos bonitos de fãs que nasceram a ouvir Dealema, em casa, graças aos pais. Muitos deles vêm aos concertos em família, e os que nos descobriram mais recentemente conseguem captar a nossa mensagem com o mesmo sentimento de quando as músicas foram lançadas, como se tivessem vivido na altura em que surgimos. É muito bonito!
Para uma banda militante, que sempre defendeu o papel primordial da palavra, e o hip-hop não apenas como um som mas também e sobretudo como uma escola de vida, é mais difícil passar essa mensagem actualmente? Como vêm a relação entre o vosso percurso e ideais, e a transformação do meio?
A palavra mantém um papel muito importante na nossa música. Temos noção de que vivemos hoje num ritmo diferente, mais acelerado, mais impaciente, e portanto hoje o desafio é captar a mesma atenção. No entanto há vivências, mensagens e ideais que são intemporais e é aí nessa intemporalidade que mantemos a nossa essência.
Além do vosso concerto, vão ter convosco showcases de Tostaz, Birro e Gabi Alpha, assim como DJ sets de Score e Suprhyme. Trazer outros actores para o vosso império continua a fazer parte da vossa identidade, mesmo quando estão menos activos?
Sim sempre estivemos bastante perto das gerações seguintes nomeadamente no Segundo Piso onde é sempre muito comum novos talentos surgirem com novas paisagens sonoras mas sempre muito fiéis às raízes nortenhas que nos representam, assegurando assim o legado do Hip Hop feito nas terras do Norte.
Bilhetes em: https://www.seetickets.com/pt/event/dealema/perola-negra-club/2405546
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