A utopia de Travis Scott é real
Os números impressionam. Travis Scott acaba de bater o recorde de assistência em White Hart Lane, o estádio do Tottenham, durante residência inglesa da Utopia: Circus Maximus Tour. Em Londres, 48,5 mil pessoas quiseram ver um espectáculo de rap com mosh de punk. “Uma mistura de êxitos musculados, força de vontade e uma grande caixa de fogo de de artifício”, descreve o jornal Guardian.
Os máximos não se ficam pela bilheteira. A receita de 6 milhōes de euros é um recorde numa só noite e os valores não revelados de venda de merchandising superam qualquer outro gerado no passado. Em apenas seis noites na Europa, os lucros da digressão já ultrapassam os 21,5 milhōes de euros e quando o rapper estacionar em Lisboa por três noites, de 2 a 4 de agosto, os cofres já terão engordado ainda mais. A digressão americana de 44 datas rendeu perto de 87,5 milhōes de euros.
Impressionante para quem não é Taylor Swift, mas nem o impacto esmagador espanta nem se pode reduzi-lo a números. Discípulo de Kanye West, Travis Scott é o último moicano da Liga dos Campeōes do rap (Kanye, Kendrick, Drake, Future) a deter uma visão conceptual da música e do espectáculo, tal como se pôde assistir em 2018 no Super Bock Super Rock, em vésperas de Astroworld vir a ser também um dos últimos álbuns da era digital do rap a ter a ousadia de se apresentar como um objecto artístico pensado na horizontal, desde cançōes como Stargazing e Sicko Mode, à capa de David LaChapelle, à cenografia do espectáculo.
Na Circus Maximus Tour, não faltam as habituais chamas. O Guardian descreve os círculos próprios de uma plateia dos Slayer e defende que a digressão se assemelha mais “a um concerto de metal do que a um espectáculo de rap”, utilizando provas de contacto como “tensão” e “catarse” para descrever a energia catalisada pelo público e devolvida ao palco.
“Devido à elevada procura de bilhetes”, os concertos em Lisboa cresceram de dois para três. Nada de surpreendente se pensarmos no consenso junto da camada pop do rap, na influência global de Travis (em Portugal, Profjam e T-Rex são casos evidentes) e na indiferença desta para com os acontecimentos trágicos no Festival Astroworld, em 2021, onde morreram dez pessoas. O caso resolveu-se em tribunal graças a acordos com as famílias das vítimas, mas a sombra ainda paira sobre Travis Scott. De então para cá, passou a haver um cuidado maior nos concertos, sobretudo de rap, sempre que há elementos do público a sentir-se mal.
Há um ano, a estreia de Utopia nas plataformas digitais foi estrondosa. O álbum fixou um novo máximo num só dia com 128 milhōes de streams. Três MEO Arenas parecem pequenas para tanto.
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