Por onde vai andar o novo hip-hop este verão?
Foi a maior transformação musical no gosto colectivo durante a última década. Quando Kanye West proclamava em 2007, no auge do pugilismo verbal com 50 Cent, que os rappers eram os novos Cobains e Morrisons, estava certo. O hip-hop transformou-se não só na música mais ouvida, título que vai dividindo com a pop, como na bandeira das gerações em construção. Essa mudança deveu-se não apenas aos arquitectos mas também à chegada de novas figuras, sons e discursos que lhe mudaram radicalmente a face.
Erguido sobre a marginalização e a contra-cultura, ganhou outras histórias, contadas a partir de ângulos distintos do passado. Por cá, os grandes festivais demoraram a reagir mas aqui chegados, não só vemos alguns dos cabecilhas a aterrar de jacto, como um tubarão como o Rolling Loud dá à costa na Praia da Rocha. Os tempos mudaram, é lidar com isso.
Este é um roteiro do novo hip-hop no mapa de festivais deste verão.
Rolling Loud
6 a 8 de julho na Praia da Rocha (Portimão)
J.Cole, Future, A$ap Rocky, Jack Harlow Lil Baby, Lil Yachty, Lil Uzi Vert, Rae Sremmurd, Rico Nasty, Roddy Rich, Skepta…O All-Star Game joga-se na Praia da Rocha. É preciso dizer mais? Portugal foi o primeiro país escolhido para internacionalizar um festival que só sabe o que é esgotar em Miami.
NOS Primavera Sound
11 de junho
De indie, o NOS Primavera Sound evoluiu para festival pós-género. Este ano, o contigente hip-hop é mais reduzido que em anos anteriores mas o nível de quem está é de alto gabarito. No dia 11 de junho, o último, há concertos de Little Simz, a apresentar o magnífico Sometimes I Might Be Introvert, e do idealista Earl Sweatshirt.
26 de junho
Durante anos, o Rock In Rio resistiu ao hip-hop. Não era considerado suficientemente familiar. A escolha de Post Malone é, por isso, coerente, já que se trata de alguém com chão no rap mas ligações estreitas à energia do rock e aos grandes refrões pop. Singles como Circles, Better Now e o novo Cooped Up estão aí para todos. O álbum Twelve Carat Toothache chega na próxima semana.
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1 e 2 de julho
O festival por excelência do fim das aulas. Se falamos de hip-hop, Trippie Redd é o homem mas o cabeça de cartaz na Ericeira é Burna Boy, nigeriano com fortes ligações ao hip-hop e ao r&b. Além destes, no primeiro dia há a inglesa de ascendência portuguesa Iamddb, e os locais Piruka, T-Rex, Mike El Nite (DJ set), Cíntia e os angolanos Mobbers. Na segunda noite, além de Trippie Redd há concertos de Nenny, Lon3r Johnny, Phoenix RDC e Russa. O Eixo Norte-Sul junta gente como Kappa Jotta, Mundo Segundo, Maze e Sir Scratch.
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8 de julho
Nova ou velha escola, o hip-hop nunca foi a bandeira do NOS Alive. Este ano, destaca-se apenas a presença de Stormzy, rapper oriundo do grime com impacto mainstream no Reino Unido e não só, na noite de 8 de julho, encabeçada pelos Metallica e já sem bilhetes disponíveis. A reunião dos Da Weasel é outra conversa, outro nível…
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14 e 15 de julho
Dois dos cabeças de cartaz do Super Bock Super são partilhados com o Rolling Loud. O recém-papá A$ap Rocky (14 de julho) e Da Baby (15 de julho), o cancelado. A estes, podemos juntar C. Tangana (15 de julho), El Madrileño em estado de graça com a fusão de trap, flamenco, bossa-nova e música latina que fazem dele o fenómeno-espanhol-depois-de-Rosalia, e Goldlink na mesma noite.
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3 a 6 de agosto
O verão nem seria o mesmo sem o Sudoeste. Mais do que um festival, é um ritual adolescente. “As primeiras férias sem os pais”, diriam tantos dos que passaram pela Zambujeira do Mar nos últimos anos. Em 2022, o menu de hip hop tem Profjam, Morad, o vizinho de r&B Masego e Bispo.
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20 de agosto
Tradicionalmente, um festival de rock alternativo e paisagens adjacentes, Paredes de Coura tem vindo a alargar o espectro a outras regiões sonoras, e o hip-hop não é excepção. Por exemplo, com Skepta e Freddie Gibbs. Este ano, a representação é mais modesta e fica-se por Slowthai, rapper punk inglês, que tanto é amigo de A$ap Rocky como dos Idles.
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