Todos os nomes do rock no Meco
Há alguns anos, quando perguntaram a Luís Montez pela diminuição de bandas de guitarras num festival chamado Super Bock Super Rock, o promotor respondeu com simplicidade: “o rock é uma atitude”.
De todos os festivais, o SBSR é o mais mutante de todos. Já ocupou diferentes casas, já foi em sala, a céu aberto, e ambos em simultâneo: já foi itinerante, já foi romance de uma noite, e fim de semana prolongado. E se já há muito que o rock perdeu a preponderância no cartaz, apesar de nunca se ter evaporado, essa reacção é natural face às transformaçōes do gosto colectivo. Primeiro, com uma afirmação do hip-hop na cultura eléctrica e cada vez mais com a diluição de géneros em função das identidades.
Um caso flagrante de redefinição são os romanos Måneskin, uma raríssima banda vencedora da Eurovisão a transcender os limites do ecrã e a penetrar nos circuitos credíveis como o de festivais. A muito desejada estreia em Portugal de um conjunto que tanto agrada às comunidades LGBTQIA+ como aos aficionados do rock pesado ocorre a 18 de julho, o primeiro dia e o único onde as guitarras chefiam as tropas com nomes como Royal Blood, Tom Morello (dos Rage Against The Machine), Will Butler (ex-Arcade Fire) e Capitão Fausto (a revisitar o álbum Pesar o Sol, dez anos depois). Nina Kraviz e Anna Prior garantem a pluralidade feminina e electrónica das boas-vindas.
A partir daí, ou seja nos dias 19 e 20, o hip-hop é dono do terreno. Na sexta-feira, com o protegido de Drake, 21 Savage, mas também com Slow J, o nome unânime da era digital da música portuguesa e primeiro a esgotar dois MEO Arenas em nome próprio. Como poucas vezes acontece, um português será um dos mais aguardados dentro de um cartaz internacional. Talvez valha a pena invocar os versos “onde eu pertenço/o medo não vence”, de Nascidos e Criados, para responder ao que resta de preconceitos musicais e a todas as intolerâncias e discriminaçōes que se opōe à liberdade. Podem encontrá-los num certo e determinado álbum chamado Afro-Fado com Amália e Eusébio na capa.
Ainda nesta noite, a cultura negra é representada pelos rappers americanos Aminé e Kenny Mason, pela cantora inglesa de r&b Mahalia, e pelo sul-africano Black Coffee, dono de um estilo muito próprio e influente na ligação do house com a sua geografia particular. Um DJ set dos Chromeo pode ser uma boa pílula para gastar calorias.
No último dia, Stormzy puxa dos galōes do rap inglês. É o serão do regresso dos Mind Da Gap aos palcos, muitos anos depois de se terem separado abruptamente. Anna Calvi não engana e os Kneecap são candidatos ao prémio revelação.
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