Adivinha quem voltou, comeu e não parou
“Mais uma vez, a doninha arrancou”, como dizia Pacman na entrada de rompante de Dou-lhe com a Alma. “Pronta a estoirar” em 2025, trinta anos depois de ter causado “um abanão em Portugal” com um álbum de estreia em que a dialéctica do hip-hop era defendida por uma cultura de banda de rock, com diferentes materiais rítmicos, do hardcore ao funk e ao reggae, que fez dos Da Weasel a banda chave na transição da cultura de banda dos anos 80 e 90 (Xutos & Pontapés, GNR, Heróis do Mar) para o século digital da música d erua.
Slow J cresceu a ouvi-los. Dino D’Santiago a vê-los. Os Buraka Som Sistema a admirá-los. Inconscientemente, os Da Weasel deixaram um lastro difícil de superar e impossível de decalcar. Quando acabaram em 2010, após um ano sabático, ainda estavam no topo da forma. Davam concertos imparáveis, o espectáculo ombreava com os vultos internacionais – como em 2006, no Rock In Rio, quando secaram os Red Hot Chili Peppers – e tinham muita música por fazer. Nem pereceram em decadência, como quase sempre sucede com os nomes grandes, nem a ternura se derreteu na passagem natural do tempo ou nos satélites individuais de cada um.
O regresso foi recebido com naturalidade. E entretanto passaram-se cinco anos desde a notícia. Os Da Weasel tiveram que esperar dois anos entre o prometido reencontro no NOS Alive em 2020 e a subida ao palco em 2022. Percebeu-se que não iam ficar por aí. Em 2023, voltaram ao norte no MEO Marés Vivas e soltaram-se de vez da ansiedade natural de dez anos de separação.
Este verão, expandiram-se às ilhas. Açores, no MEO Monte Verde e Madeira, no MEO Summer Opening, somaram-se ao retorno à casa de praia do MEO Sudoeste, onde se estrearam na primeira edição, em 1997, ainda com 3º Capítulo fresco e singles como Todagente e Dúia a catapultá-los para outras dimensōes.
Planos para 2025? Confirmados. Os Da Weasel vão a Vilar de Mouros virar uma página de história, no festival que ajudaram a ressuscitar em 1996 (!). Também anunciaram a estreia no recente Mar Me Quer, em Portimão, e o regresso a casa, à Almada de criação e geração, no Sol da Caparica.
Percebe-se que há uma estratégia a preservar o retratamento. Apenas concertos especiais. Criar momentos únicos em vez de os vulgarizar em voltas infindáveis por um país geograficamente pequeno. Algo semelhante ao que os Ornatos Violeta vêm fazendo nos últimos anos. O entusiasmo chegará para reacender o processo criativo? Talvez seja pedir demais.
Bilhetes para Da Weasel em Vilar de Mouros.
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