Há festa na aldeia – Bons Sons

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Há festa na aldeia – Bons Sons

 

Em 2023, a requalificação no Largo do Rossio, na Aldeia de Cem Soldos, deixou o Bons Sons em suspenso. O festival retomara a sua dinâmica anual doze meses antes depois de dois anos abstinentes devido à pandemia. Por isso, o regresso do Bons Sons é um reencontro de cara lavada. O “novo largo de sempre” está agora mais amplo e livre para mostrar as fachadas. Sofreu melhorias infraestruturais, como saneamento básico e drenagem das águas, pavimentação de vias, áreas de lazer e iluminação para ser “devolvido às pessoas”. A garantia foi dada pelo actual director artístico e filho da terra, Miguel Atalaia, na apresentação aos jornalistas.

 

A relação com a comunidade é uma das marcas do festival desde a primeira edição em 2006. O Bons Sons atinge a maioridade sem mudanças faciais na identidade. O cartaz só tem música portuguesa e apesar dos apoios da autarquia de Tomar, não há um patrocinador. Os 700 voluntários da organização e montagem são as pessoas de Cem Soldos. “Mais do que um festival, uma aldeia em manifesto” é o lema.

 

A participação activa da comunidade implica lidar com as diferenças de cada um. Este “não é um lugar onde as pessoas são todas iguais nem onde se pensa de uma só forma”, reconhece o texto de apresentação do programa. “Acreditamos no contrário”, reforça Miguel Atalaia na conversa com os jornalistas e parceiros. A multiplicidade enriquece o todo e faz do Bons Sons um festival saudavelmente pouco hierárquico. Todos dão um pouco de si, sem barreiras geracionais ou paternalismos. No cartaz, o corpo de letra é igual para todos.

 

É isso. Os nomes de maior relevo não são cabeças de cartaz. Os quatro dias de programação – cinco se incluirmos a recepção ao campista com os Hause Plants e o DJ set das Hermanas Sisters a 7 de agosto – abrangem uma grande extensão de costa. Nomes instituídos como o de Legendary Tigerman ou de Valete contrastam com a pop inclusiva de Cláudia Pascoal, a afirmação de Ana Lua Caiano, a frescura de Femme Falafel e o corridinho de protesto dos Cara De Espelho, Club Makumba, Máquina e Rocky Marsiano. Também vão andar pela aldeia situada a cerca de dez minutos do centro de Tomar Gisela João, os Estilhaços de Adolfo Luxúria Canibal e António Rafael (Mão Morta), o Expresso Transatlântico, Rafael Toral e a reanimada Teresa Salgueiro – que repertório apresentará é uma boa dúvida para alimentar a curiosidade.

 

A interdisciplinaridade é festejada no espectáculo Quis Saber Quem Sou, de Pedro Penim, produzido pelo Teatro Nacional D. Maria II. “Um concerto teatral que revisita as cançōes da revolução, as palavras de ordem e as cantigas que são armas”, enuncia o programa. No Palco Aguardela, todas as DJ são mulheres: Sheri Vari, o colectivo Mão na Anca, Maria Callapez e Surma.

 

Para “celebrar o presente e uma ideia de futuro”, vincou Miguel Atalaia, nasceu o projecto Ao Largo. Foram plantadas mais de cinquenta árvores e construído um canteiro de grande dimensōes. “Lugares de estar” para que o amor de verão do Bons Sons continue a ser um cuidar para a vida e a preservação de uma aldeia que nem nos lembramos de ser o recinto de um festival.

 

O Bons Sons acontece de 8 a 11 de agosto e os bilhetes estão disponíveis aqui.

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